NOTÍCIAS DA NOBARTV – Lidia Thorpe, senadora independente por Victoria, chocou novamente o mundo da política australiana com as suas ações controversas. Desta vez, Thorpe acusou abertamente o rei Carlos III de cometer genocídio contra os povos indígenas da Austrália num evento oficial no Parlamento de Canberra. Thorpe, conhecido como um ativista dos direitos indígenas, lançou suas duras críticas no momento em que o rei Charles e a rainha Camilla participavam de uma recepção na Austrália como parte de sua visita oficial.
Thorpe gritou bem alto: “Devolva-nos nossas terras! Esta não é a sua terra! Você roubou de nós! diante dos dignitários e ilustres convidados presentes. Esta ação atraiu imediatamente a atenção de toda a sala e levou os agentes de segurança a retirar imediatamente Thorpe do local. Este incidente marcou o protesto mais público e direto de Thorpe durante a sua carreira política, demonstrando mais uma vez o seu compromisso com a luta pelos direitos indígenas na Austrália.
Ações de Thorpe durante a visita do rei Carlos III
Na segunda-feira, 21 de outubro de 2024, Thorpe ficou cara a cara com o rei Carlos III em um momento tenso. Em voz alta, ele chamou a monarquia britânica de perpetradora de um genocídio que causou sofrimento aos povos indígenas da Austrália desde a época da colonização britânica. Thorpe exigiu a devolução das terras e um acordo formal (tratado) reconhecendo a soberania dos povos indígenas.
Gritando as palavras “Devolvam-nos o que nos roubaram – os nossos ossos, os nossos bebés e o nosso povo”, Thorpe expressou profunda frustração com a história do colonialismo britânico. Não parando por aí, ele também acusou o rei Carlos de não ser o governante legítimo das terras australianas e recusou o reconhecimento da monarquia britânica.
Resposta ao protesto de Thorpe
A reação do público foi mista. Alguns apoiam a mensagem de Thorpe, vendo-a como uma importante defesa dos direitos dos povos indígenas que há muito são marginalizados. Porém, outros criticaram suas ações, considerando-as uma forma de imaginário político que só provocou sensação.
“Isso faz parte da nossa democracia. “Ele não será preso pelo seu protesto e isso mostra a liberdade de expressão no nosso país”, disse um dos empresários que participou no evento. No entanto, o antigo primeiro-ministro Tony Abbott, um forte apoiante da monarquia, classificou a acção de Thorpe como um “espetáculo político desnecessário”.
Antecedentes de Thorpe: forte ativista dos direitos indígenas
Lidia Thorpe não é nova no mundo do ativismo. Nascido em uma família de proeminentes ativistas indígenas, Thorpe cresceu lutando por justiça para os povos indígenas da Austrália. Ele é descendente das tribos Gunnai, Gunditjmara e Djab Wurrung, que há muito lutam contra os impactos da colonialização na Austrália.
No início de sua carreira política, Thorpe fez história como a primeira mulher indígena eleita para o parlamento estadual de Victoria em 2017, através do Partido Verde. Desde então, ele continuou a estar no centro das atenções, especialmente pelos seus protestos abertos em relação aos direitos à terra, à reforma do sistema jurídico e à protecção ambiental.
Controvérsias políticas e a decisão de se tornar senador independente
Embora seja conhecido como uma figura corajosa, a jornada política de Thorpe nem sempre foi tranquila. Em 2023, deixou o Partido Verde após divergências de opiniões sobre o referendo “Voz ao Parlamento” para os povos indígenas. Thorpe votou contra a reforma porque disse que corria o risco de ignorar as principais exigências indígenas por tratados válidos relativos à terra e à soberania.
A decisão de Thorpe de deixar o Partido Verde e tornar-se um senador independente fortalece ainda mais a sua posição contra o compromisso. Ele exigiu que o processo do tratado tivesse precedência antes de futuras discussões sobre a mudança do status da Austrália para uma república. Para ele, a verdadeira reconciliação entre o governo e os povos indígenas deve passar pelo reconhecimento da soberania indígena e pela devolução das terras tomadas durante o período colonial.
O futuro dos movimentos de luta indígena
O incidente no Parlamento não foi a primeira vez que Thorpe expressou insatisfação com a monarquia britânica e o sistema político australiano. Anteriormente, Thorpe também havia protestado fora das Casas do Parlamento, rejeitando a presença da polícia no evento Mardi Gras de Sydney e se opondo fortemente ao referendo "Voz ao Parlamento". Em cada um de seus protestos, Thorpe sempre levanta a questão das mortes de indígenas sob custódia, da reforma legal e da injustiça histórica.
Thorpe acredita que a mudança só poderá ocorrer se os direitos dos povos indígenas forem oficialmente reconhecidos. “Há assuntos inacabados que devemos resolver antes que este país se torne uma república. “Isso deve passar por um acordo”, frisou em comunicado oficial.
O impacto dos protestos de Thorpe no movimento republicano australiano
O protesto de Thorpe destaca as crescentes exigências de alguns australianos para rever a relação do país com a monarquia britânica. Embora o próprio rei Carlos não se tenha oposto abertamente à transição da Austrália para uma república, o protesto de Thorpe abriu um novo debate sobre como o processo deveria ser conduzido, especialmente no contexto da reconciliação com os povos indígenas.
Alguns analistas políticos dizem que as ações de Thorpe poderão desencadear uma discussão mais profunda sobre a relação da Austrália com os povos indígenas e como o país pode avançar como uma república independente.
As ações de Thorpe conseguirão mudar a política governamental em relação à reconciliação e aos direitos dos povos indígenas? Apesar de muitos cépticos, Thorpe continua convencido de que esta luta está longe de terminar.
Com o seu espírito de luta implacável, Lidia Thorpe continua a ser uma figura importante no debate político australiano. Embora as suas ações tenham sido muitas vezes controversas, não se pode negar que Thorpe chamou a atenção do público para questões que são frequentemente ignoradas na cena política australiana.